domingo, 10 de outubro de 2010

Cidade maravilha, da beleza e do CAOS

Hoje, darei inicio a um fanfic, que óbviamente não é meu pois não sou tão foda. O fanfic é do meu amigo Erick Miojo \o Ele me mostrou só por mostrar, eu achei muito fodão e resolvi pedir pra postar aqui. Espero que vocês gostem, e se caso tiverem contos/histórias e afins e quiserem que eu poste, mandem por comentario ou e-mail que lerei seem duvidas. Aliás, postarei aqui conforme ele for fazendo os caps.

Capítulo I

Ouvia no horário do almoço o noticiário dizer que casos “particulares” de homicídios tinham aumentado consideravelmente. Algo do tipo pessoas contaminadas com uma mutação do vírus da raiva, mas nada confirmado. Era quase 15h, mais um pouco eu iria chegar atrasado na casa do Vinicius. Porque diabos eu ia querer ver o jogo entre Palmeiras e Santa Cruz? Mas ele me prometeu umas cervejas, então...
Desci até a garagem, coloquei a carne que havia comprado para o churrasco no banco do passageiro, e entrei. Eu tinha um modesto gol bolinha vermelho, era o que podia pagar.
Apesar de ter pego um pouco de transito e do calor de 37ºC ( ar condicionado pifado pra variar), consegui chegar a tempo.
-Mateus! Quase achei que não vinha...
-É... eu peguei um pouco de trânsito dentro do Rebouças.
-Bom, a churrasqueira está ali na varanda, pode deixar a carne ali do lado - disse ele num tom meio ansioso.
-Ouviu falar desses ataques? - perguntei.
Olhando para a tv como quem não presta muita atenção, sem saber direito o canal que procura, responde – Escutei algo a respeito sim, algo do tipo uns malucos saindo por ai mordendo as pessoas... minha ex-namorada não gostava nem quando eu mordia ela, imagina se lhe acontecesse isso! Ambos demos umas leves risadas.
O jogo começou às 17h. Andava meio parado como eu achei que seria. Não sei o que dá em uma pessoa que mora em plena zona sul do Rio de Janeiro torcer pelo Santa Cruz, mas enfim...
Como que numa incrível sorte para me tirar o tédio, no momento em que o centro-avante (cujo nome não me interessa nem um pouco) do time de meu amigo avançava pela grande-área, a transmissão é interrompida.
-Ah, só me faltava essa! – diz Vinicius saltando da poltrona num ataque de raiva – justo agora que ia ficar bom acontece isso!
“Interrompemos a transmissão para um comunicado importante. Novos casos de indivíduos contaminados com o que parece ser uma mutação do vírus da raiva foram reportados no centro da cidade” a imagem corta para uma câmera num helicóptero, mostrando pessoas sendo perseguidas por outras alucinadamente, umas sendo derrubadas e atacadas, enquanto outras somem da visão da câmera - “As centrais telefônicas estão sobrecarregadas com o número de ligações vindas de diversas partes da cidade. É recomendado que os cidadãos permaneçam em suas casas até segunda ordem.”
-Iiih, já viu que coisa boa isso não é.
-Também acho Vinicius, também acho...
Achei melhor ir embora, não queria pegar a hora do rush, mesmo achando um pouco tarde para isso.
Ao ligar o rádio do carro, parecia que todas as estações transmitiam a mesma coisa: todos deveriam permanecer em suas casas, os números de casos estavam aumentando e cientistas estavam no momento tentando achar uma cura para a doença, mas sem muito sucesso. Dizia também que as entradas e saídas dos túneis estavam bloqueados. Vinicius morava na Lagoa, único jeito de chegar em Laranjeiras onde moro, era por Botafogo, já que o Túnel Rebouças estava fora de questão. Passado o Humaitá e chegado Botafogo, me vi preso num amontoado de carros e uma grande correria pra lá e pra cá. Pessoas em desespero saindo de seus carros e correndo sem rumo, enquanto figuras quase humanas as perseguiam, algumas saídas dos mesmos carros das vítimas, talvez tivessem contraído o vírus e estavam a caminho do hospital? Quem sabe...
Não vendo muita saída dali, tentei dar ré, mas fui impedido por um EcoSport. Como se surgisse do nada, sinto algo ser arremessado contra a mala do carro. Olho para trás e vejo algo que gelou meus ossos. Era uma pessoa. Ela se debatia incontrolavelmente para se livrar de seu agressor, um infectado, que a dominava com suas mãos sujas de sangue, enquanto mordia seu pescoço fazendo borrifar um jato de sangue contra o vidro traseiro.
Apesar de aterrador, era algo do qual só consegui desviar o olhar quando uma mão bateu de encontro à janela do passageiro, escorrendo seus dedos sujos e deixando um rastro vermelho por onde haviam passado. A criatura se debruçou contra o vidro, e naquele momento toda a gritaria, todo o caos do lado de fora pareceu se emudecer aos meus ouvidos, fazendo-os escutar somente um único e terrível som. Aquele som morto, que ecoou nos meus ouvidos, que vinha do fundo de uma garganta que não era usada mais para comunicação. Só então pude ver com o que me deparava. Algo que antes era uma pessoa, com a pele pálida como se a vida já tivesse se exaurido de seu corpo. Sua mandíbula pendendo para baixo, a boca coberta de sangue fresco ainda escorrendo por entre os dentes. O rosto com alguns cacos pequenos de vidro encravados no nariz e testa, e os olhos, sua pior característica, que pareciam olhar através de mim e para mim ao mesmo tempo. Olhos mortos que não demonstravam expressão alguma, somente a de um predador ao avistar sua frágil presa.
É incrível como em segundos pode se perceber tanta coisa. E foram exatamente alguns segundos que tive para tirar o cinto e abrir a porta do carro, antes que o meu carrasco em potencial quebrasse o vidro e se jogasse para dentro do gol numa tentativa de me alcançar.
Corri o mais rápido que eu pude tentando não olhar para trás. O pânico havia tomado conta de todo meu corpo, e numa explosão de energia devo ter corrido uns cinco quilômetros em pouco tempo. Não escutando mais o caos em que me encontrava poucos minutos atrás, parei para respirar. Mas de novo escuto aquele som. Como se saísse de um pesadelo, o mesmo zumbi que antes me encurralara no carro havia corrido atrás de mim. Ele não parecia nem cansado, nem com sede, nem nada. Somente a fome era o que habitava aquela carcaça ambulante.
-Só pode ser brincadeira! – foi o primeiro pensamento que tive. Vi que não adiantava mais fugir. Ele se aproximava devagar, como um leão que se aproxima lentamente de um cervo para saborear mais o momento. Tive alguns segundos para dar uma olhada rápida no local e perceber uma barra de ferro que antes pertencia a uma placa de ponto de ônibus, que fora atingida em cheio por um carro. Sem pensar duas vezes agarro-a com as duas mãos. Ao perceber minha reação, se pôs a correr em minha direção, diminuindo a distância entre nós a uns poucos metros. Quando me vi perto o suficiente, avancei com toda a minha força com a barra de ferro contra o peito daquela coisa, encravando-a numa porta de metal atrás dele. Minha investida, porém, não pareceu ter surtido nenhum efeito contra aquele - me dá até receio de dizer essa palavra – zumbi. O ponto positivo foi que ele não iria a lugar algum, estava preso ali. Por sorte achei uma moto tombada no chão, abandonada. Lembrando dos meus dias de motoboy dei a partida e fui direto para casa, o mais rápido que pude, evitando os lugares onde havia sons de confusão.